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Rolha ou tampa de rosca?

Os vinhos que conhecemos até hoje sempre foram fechados com rolha de cortiça, vinda de uma árvore cultivada, principalmente, em Portugal e no norte da África, o sobreiro (Quercius suber). É um produto 100% natural que demanda muito tempo para produção. Para que essa árvore tenha uma camada suficientemente espessa para produzir rolha, é preciso esperar 25 anos. E para que se tenha uma ótima qualidade, esse tempo pode superar os 40 anos! A indústria da rolha de cortiça proporciona renda para mais de 100 mil pessoas. A Amorim, maior corticeira do mundo e líder de mercado há mais de 140 anos, produz 3 bilhões de unidades por ano, o que lhe garante uma fatia de 25% do mercado.


Mesmo estando na vanguarda da indústria, da tecnologia e da sustentabilidade, as rolhas produzidas pela Amorim, e por outras companhias, não estão a salvo do ataque do fungo parasita Armillaria mellea, capaz de infectar mais de 600 espécies de plantas lenhosas, e responsável pelo desenvolvimento do que chamamos de “bouchonée” ou gosto de rolha.

Já ouvi inúmeras histórias de pessoas que compraram e guardaram, por anos, um vinho especial para um momento de celebração, mas na hora de beber, o vinho estava estragado. É triste e chato, e acontece frequentemente. Comigo mesmo aconteceu quando fui abrir uma garrafa magnum, de 1.500ml, de um grande vinho da Argentina (veja aqui o post). Para evitar esse momento desagradável, podemos começar a investir em vinhos que utilizam screwcap, a tampa de rosca, que começam a aparecer mais no mercado.

Longe de ser uma novidade tecnológica, a história da tampa de rosca (para fechar as garrafas de vinho) remonta aos anos 60. Naquela época, Peter Wall, então diretor de produção da gigante vinícola australiana Yalumba, solicitou a um fabricante francês um sistema que erradicasse o problema da rolha e preservasse o frescor de seus vinhos.



Nos anos 80, a tampa de rosca foi amplamente utilizada na Suíça, e, em apenas 15 anos, sua indústria produziu 60 milhões de garrafas fechadas dessa forma. Embora seja um número expressivo para a época, o consumidor ainda a associava a vinhos de preço barato e qualidade média. Apenas nos anos 2000, quando um pioneiro grupo de produtores australianos e neozelandeses, decidiu utilizar a tampa de rosca em seus vinhos premium, a screwcap alcançou aceitação comercial. Liderados por Jeffrey Grosset, produtor de maravilhosos Riesling, pouco a pouco o grupo foi substituindo a rolha de cortiça pela moderna e mais eficiente tampa de rosca. Estima-se hoje que a produção já esteja em 85% para os vinhos da Nova Zelândia e 45% da Austrália.


Na próxima vez em que você se deparar com uma garrafa com tampa de rosca, deixe o preconceito de lado e se delicie com um vinho bem preservado!


Veja duas opções:



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